quarta-feira, 28 de maio de 2008

Januário Garcia > Marcas do tempo

Esta foto foi realizada na cidade de Macuco, no interior do Estado do Rio de Janeiro.
A câmara que usei foi uma Mamiya RB67 com uma objetiva 127mm.

As culturas antigas, chinesa, árabe, indiana, africana, judaica, são civilizatórias. Elas procuram valorizar o ser humano, todas tem um dado comum: a valorização da criança e do velho. Afro-descendente que sou, desde cedo aprendi ter o respeito pelos mais velhos, e estes sempre chamaram a minha atenção, fotograficamente falando. É interessante que na cultura africana nós temos a figura do GRIOT, que é justamente o sábio da aldeia, que é sempre o mais velho.


Durante a minha vida profissional eu já fiz dezenas de fotos de idosos, mas essa foto é muito especial porque foi feita em uma comunidade de periferia de uma cidade do interior do Estado do Rio. Essa senhora nunca tinha sido fotografada na vida.





Essa foto pertence ao meu acervo de fotos do Movimento Negro que denominei de Documenta Brasileira de Matrizes Africanas. Foi iniciado em 1978 no Rio de Janeiro, mas hoje tem um grande arco de fotos de negros da América do Sul, América do Norte, América Central, Europa e África.

A foto em tese é a que chama mais atenção nas minhas exposições sobre o negro na diáspora. Ela tem provocado vários sentimentos e expressões nos seus leitores.

Não acredito que deveria ter feito algo diferente do que fiz, e se o fizesse não conseguiria atingir os objetivos.

Januário Garcia > começou como cinegrafista, mas tornou-se fotógrafo em 1975, ao estagia no estúdio de Georges Racz.
No fotojornalismo sempre atuou como freelancer, com passagens pelo Globo, Jornal do Brasil, O Dia, A Tribuna, Manchete, Fatos & Fotos e Revista da Unesco. Trabalhou também com grandes agências de publicidade do Rio de Janeiro e fez capas de discos de artistas como Tom Jobim, Caetano Veloso, Chico Buarque, Fagner, Belchior, Fafá de Belém, Lecy Brandão, Raul Seixas e Edu Lobo.
Desde 1976 participa do Movimento Negro, junto ao qual vem fazendo a documentação da presença da população negra no Brasil, no arquivo denominado Documenta Brasileira de Matrizes Africanas. Parte deste processo está resumido no livro “1980/2005 — 25 anos do Movimento Negro no Brasil”. Nos últimos anos estendeu este registro para toda a América Latina, resultando em outro livro a ser lançado ainda este ano. Tem também fotografado comunidades judaicas em várias partes do mundo.
Entre várias outras, apresentou no prédio da Secretaria-Geral da ONU, em Nova York, a exposição Retratos de um Povo: o Cotidiano da Vida dos Afro-brasileiros.
Fontes: http://www.januariogarcia.com/ e http://www.abi.org.br/paginaindividual.asp?id=2239

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